DoisPorQuatro no Compasso do Samba

05:04

Por Brenda Fernández
DoisPorQuatro

Bem cantarolou Dorival Caymmi Quem não gosta de samba bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé, e a partir disso foi constatado que não gostar de samba é problema pessoal. De raízes africanas, mas surgido no Brasil, o samba é, além de um estilo musical, a maior manifestação cultural brasileira. Assim como outros estilos, o samba cresceu, ampliou o seu cenário musical, foi sendo modificado ao longo dos tempos por novas gerações, mas nunca perdeu sua maior essência, o batuque. E tornou-se patrimônio imaterial do Brasil.
Pedro Alvez
Foto: Brenda Fernández/ProjetoFragmentado
O samba do século XXI sai das bocas e dos instrumentos de quem, de geração em geração, vai passando o amor pelas letras românticas e cheia de lirismo que a música carrega. Quem nós encontramos fazendo samba ao ar livre na cidade de Porto Alegre foram dois jovens que carregam no compasso dois por dois da música a missão de não deixar o samba morrer. A preocupação de dois músicos Pedro Alvez (24) e Lucas Kotliarenko (22) por expandir a cultura e a identidade do samba parte da banda DoisporQuatro que há dois anos reflete sobre o ‘desaparecimento’ do estilo musical e das raízes brasileiras do repertório deste século.

O projeto da banda começou no final do ano passado. Lucas veio de uma família de músicos e aprendeu a tocar violão ainda pequeno. Há dois anos se encantou pela música brasileira, em especial pelo Samba. Conheceu o Pedro quando veio para Porto Alegre estudar e começou a contar-lhe sobre as ideias que tinha, e também sobre comprar um Cajon para acompanhar o violão na musicalidade: “Nós tentamos por bateria antes de pensar no Cajon, mas não deu certo”, lembra Pedro.

Lucas Kotliarenko
Foto: Brenda Fernández/ProjetoFragmentado
A proposta da banda é simples: tocar música brasileira. Tocar melodias que talvez as pessoas não conheçam. “A gente traz Chico Buarque e João Bosco, por exemplo, e outras tantas influências que a gente percebeu que veio perdendo o espaço e estamos pensando ‘Por que não? Quase ninguém toca isso’”, explica o vocalista Lucas. Ao longo do tempo os meninos foram conhecendo outras pessoas que tocavam samba também, mas ainda era uma massa muito pequena. A primeira ideia era tocar samba e bossa nova a dois numa coisa meio improvisada em que dois fazem valer por quatro integrantes.

Quando questiono os meninos sobre o futuro da banda dentro do cenário musical independente e quais são as dificuldades já encontradas, eles explicam. “Fizemos um investimento muito grande na Banda na compra dos instrumentos e da microfonação. A ideia é tentar viver de música. É um sonho antigo meu e do Pedro. Achamos importante também estar nas ruas e pretendemos fazer isso sempre”.

Projeto musical voltado para os diferentes ritmos brasileiros
Foto: Rayana Garay/ProjetoFragmentado
Eles contam que farão apresentações de graça porque veem aí uma oportunidade de divulgação tanto do samba e da bossa como da banda DoisPorQuatro. Vão tentar esse caminho de tocar nas ruas e tentar ir para os bares e pubs da cidade conseguir seu sustento. “Como banda independente a grande dificuldade que temos é o orçamento, mesmo.
São investimentos que saem do nosso bolso e não temos a garantia que essa grana vá voltar”. Um dos motivos que mais incentivou a banda a tocar samba é ver que a geração desconhecia o estilo. Perceberam que estava se perdendo ao passar dos anos. “É uma caminhada longa”, admite Lucas, “mas a gente não vai desistir”.

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